sábado, 21 de junho de 2008

Solstício pagão e cristão

Noite mais longa do ano. E ainda com uma lua cheia para iluminá-la. Os deuses capricharam esse ano. Era para ser um período de recolhimento, de espera pelo retorno do sol que está lá Trópico de Câncer. Mas, infelizmente, isso não tem mais a ver com o a vida da maioria das pessoas. Porque a grande massa somente olha pro relógio, e não mais para o céu. Ninguém mais percebe o ritmo da natureza. Afinal, os supermercados nos mostram os mesmos alimentos nas quatro estações. Alimento que não se afeta com a lua ou com o sol, coisa boa não pode ser. Mas comemos mesmo assim.
Era para o nosso Samain ter acontecido há umas oito luas. Mas ele se descaracterizou e virou um feriado lá em novembro, época do Samain original do hemisfério norte. Aliás, agora que estamos prestes a acendermos fogueiras para São João, enquanto em algum lugar devem estar queimando fogueiras de Beltane, para que o folclore não morra.
E o que será que os tantos povos americanos pré-colombianos faziam no solstício de inverno aqui onde pisamos hoje? A coisa mais pagã que o cristianismo deixou que acontecesse nessa época foi acender fogueira. Mas disfarçada de fogueira junina, de São João. E, independente da fé que se tenha no santo ou nos deuses, todo mundo gosta de fogueira e de festa junina.
Hoje a Igreja condena as agressões à natureza. Porém, há mais de mil anos, começou a condenar quem se sentia parte dessa mesma natureza e cultuava seu imenso poder. Condenou quem dançava pela chuva, pelo sol, pelo fogo...
Então, hoje estou feliz. Feliz porque começou o inverno, porque olho para o céu e não só para o relógio, e porque vou a uma festa junina ver uma fogueira e dançar em torno dela.
Viva São João e viva Beltane!

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