terça-feira, 27 de maio de 2008

José Paulino

Shorts, bermudas, vestido de festa
Eu fui só pra ver e pechinchá
Blusinhas, casacos, bolsas e calças
Eu fui só pra ver e pechinchá

Acessórios, boinas, bijus
Aquele povaréu pra lá e para cá
O rapa chegou botando pilha
Foi camelô vazando por todo lugar

Tinha uma padoquinha no canto da rua
Onde o josépaulineiro ia se animar
Tomar um cafezinho com pastel assado
E olhar os visitantes de todo lugar

E tinha uma barraca no canto da rua
Vendendo abacaxi docinho pra daná
A menina convidando pra entrar na loja
E sacoleira chegando sem pará

Não é a Feira de Mangaio, mas a José Paulino não deixa de ser uma festa!

Farmácia

Vou ficar o dia todo me perguntando por que cazzo eu saí da cama pela manhã. Duas partes de mim, especialmente, não gostaram nadinha: o estômago e a cabeça. Agora estão me amaldiçoando com gastrite e enxaqueca. Quem disse que somos senhores de nós mesmos não sofria desses males... Benditos sejam Omeprazol e Dipirona 500mm.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Futebol

Detesto ficar reclamando, chorando e me remoendo por causa de futebol. Mas é que dessa vez não deu pra segurar! Ontem meu time foi eliminado da Libertadores. Quer dizer, foi eliminado pelo juiz na quinta-feira da semana passada. Kleber Pereira, o mestre em perder gols imperdíveis, fez um belo gol que foi anulado injustamente. Descaradamente. E perdeu por 2 a 0. Aí, ontem na Vila precisava de 3. O tempo passou e só saiu um. O tempo continuou passando, passando e não saiu o segundo, muito menos o terceiro. O tempo passou, o jogo acabou e levou junto meu sonho do tri-campeonato. Juiz @#$%#@@#@!!
Agora sou Boca. Hehehe.

sábado, 17 de maio de 2008

Caiu o trema

Como é que vou comer lingüiça sem trema???? Linguiça, que pobreza!!

Porto seguro

Bem firme naquele velho cais, no seu porto seguro, pensa estar em alto mar...Se perde em devaneios acreditando estar a deriva.
Aí abre os olhos e faz um esforço até que percebe que estivera ali o tempo todo, no seu valho cais. Não sabe se foi a vertigem por ver sempre a mesma paisagem. Não sabe se foi a vontade sair navegando sem destino. Nem se foi simplesmente um delírio, um sonho qualquer. Mas tem bem forte e nítida, guardada consigo como se tivesse acontecido no segundo anterior, a sensação de desespero. Sensação que veio quando olhou ao redor e por instantes não reconheceu seu lugar. Apesar das inquietações sobre outras praias, soube que sua alma somente pode encontrar refúgio na brisa, no cheiro, no gosto e na paisagem daquele que, com certeza, é o melhor lugar do mundo: seu velho cais.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Chegadas e partidas

Quando a vida é cheia de partidas e chegadas, sabemos que estamos sempre escolhendo. Escolhendo por quem vai ficar feliz com a chegada e triste com a partida. Fiz uma escolha que deixou triste principalmente a mim. E tem a ver com partidas e chegadas. Mas quando eu chegar lá e ver seu sorriso, ficarei imediatamente feliz.
Se eu optasse por não partir, estaria também escolhendo a tristeza dela, sua solidão. Se bem que essa escolha foi ela quem fez. Mas minha consciência pesaria pela tristeza dela, então escolhi partir. Optando também por ficar longe dele, o que dói demais.
Será que é possível ser totalmente livre quando se ama demais? Nos preocupamos com as escolhas que fazemos para não ferir a quem amamos. Mas, se para ser livre for preciso me afastar das pessoas e deixar de amar, então opto pela liberdade parcial. Essa que já tenho e que em algumas ocasiões me força a fazer escolhas que não gostaria de fazer. Ué, mas só tenho que fazer essas escolhas agora porque aos 17 anos eu já tinha optado pela minha liberdade...É tudo resultado das escolhas que fiz!
Ai, acho que já limpei a chaminé* demais por hoje.

*expressão usada no livro Quando Nietzsche Chorou.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Saudade boa

Tem uns dias que a saudade chama. É como se alguém ligasse um botão chamado sensibilidade e colocasse no master. Tudo fica muito MUITO. No máximo. Aí dá aquela bobeira geral: saudades do cachorrinho que morreu quando era criança; do outro que fugiu de casa também na infância; do cheiro da chuva no alpendre de casa; do bolinho de chuva da Vó Maria; do rabo do fogão de lenha quentinho e do café na "xícara de pinico" na casa da Vó Eufrosina...Saudades das coisas da adolescência, da ansiedade quando tinha um show tipo Monsters of Rock!
Peguei dois CDs, um da Joss Stone e outro da Nora Jones e me deliciei enquanto cozinhava e comia queijo. Fiz meu cérebro somente pensar na culinária e pude deixar minha alma sentir saudades em paz.
Depois meu corpo foi sentindo frio e mais frio, enquanto eu sentia saudades dele, que não estava lá pra me esquentar.

domingo, 4 de maio de 2008

Classe C de carro novo? Como?

O trânsito paulistano sempre foi notícia. Mas de uns tempos pra cá tem atraído ainda mais a atenção da mídia. E com freqüência tenho ouvido considerações do tipo: “não cabe mais carro nessa cidade!”; ou “as pessoas precisam andar mais de transporte coletivo ou a pé”; ou ainda “na maioria dos carros só tem o motorista, as pessoas não dão carona, é o cúmulo do egoísmo!” Frases desse tipo me irritam muito. Sinto-me quase na obrigação de parar e fazer um análise da situação.

É caótico o tráfego. Beleza. Ponto pacífico. Agora vejamos: quantas pessoas têm a bênção de morar próximo ao trabalho e poder ir a pé, de bicicleta ou pegando uma só condução? Quantas pessoas têm um vizinho que trabalha próximo ao seu serviço pra poder ofercer ou pegar carona?
Sem contar que muita gent vai direto do trabalho para faculdade, curso ou qualquer outro local e por isso precisa ir de carro.

As pessoas querem ter um carro. É compreensível. A grande maioria das pessoas mora na periferia e trabalha no centro. Fica amassado no ônibus/metrô/ônibus de cada dia pra ir e pra voltar, levando cerca de duas horas em cada trajeto. Não estou exagerando, pois já morei em São Mateus enquanto trabalhava nos Jardins e estudava no Butantã. E sonhava com um carro, mas somente vim a ter um muito depois (e não é só meu). Bom, esse cidadão desgraçado-pobre-coitado que leva essa vida, sonha em passar esse mesmo tempo (ou até meia horinha a mais, por que não?) dentro do seu automóvel, ouvindo sua música, sentindo apenas o seu cheiro e chegar com a roupa esticada no trabalho e com a mínima dignidade em casa. Essa pessoa por acaso está errada? Ele só quer se parecer um pouquinho com o cara da novela, ou com aquele membro da classe média que ele almeja ser. Venderam esse peixe pra ele. Ele comprou. E agora é execrado, porque pertence à clesse C. E a culpa do "novo" trânsito caótico paulistano é da classe C que agora está comprando carro! Puxa, ninguém avisou que lugar de pobre é amassado no busão?!

É muito fácil fazer campanha para todos optarem pelo ônibus. Sim, para quem mora na Vila Mariana ou em Perdizes, ficar 20 minutos amassado na condução não é nada. Agora, duas horas amassado no busão toda manhã faz qualquer cidadão entrar em dívida pra compra um automóvel! Já que adquirir um carro é a única maneira de se sentir inserido na ordem, pois a especulação imobiliária já o apartou de morar próximo ao trabalho.

Mas a festa vai acabar e comprar carro logo deixará de ser tão fácil. Na Europa, os carros populares são baratíssimos, mas muita gente opta por não ter um. Não precisam. O transporte público é de qualidade e é para todos. Para TODOS. Talvez seja isso o que falte aqui: classes A e B pegando busão e metrô lotados às 7 da manhã. Era capaz de as passagens subirem muito para impedir os pobres de amassarem os ternos dos executivos...
O fato é que sempre que o pobre passa a fazer algo que antes era exclusivo das classes mais abastadas, dão logo um jeito de cortar seu barato. De botarem nele a culpa por alguma coisa. E fica tão legítimo que até ele concorda!!
A classe B quer ser A e não quer ver a C na sua cola...É só a barbárie, meus amigos.