domingo, 30 de setembro de 2007

Eu não sei de nada!

I just don’t know what to do with myself
Tcha nan nan!
I just don’t know what to do with my problems Tcha nan nan!
I just don’t know what to do with my nightmares
I just don’t know what to do with my dreams
I just don’t know what to do with my reality
Tcha nan nan!
I just don’t know what to do with my wishes, my little money, my anger, my tears, my thoughts, my madness, my sadness, my happiness, job, my boss, my appointments, my disappointments, my laziness, my night and day, with the team I suport, my weight, my diet, my utopies, my convictions, with the planet, my dirties, my mind, my soul, my faith, my gods, my demons, and with everything I can’t stand. I just don’t know what to do with you and me. I just don’t have the slightest idea... Tcha nan nan!

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Rua Major Palma

Foi onde passei o melhor da minha infância. Tinha a casa da vó, a igreja de crente, o Bar do Nandi na esquina, a casa da Sil, dos batatinhas... Era só chegar da escola, almoçar rapidinho e encontrar a criançada do lado de fora. As brincadeiras eram muitas: queimadas, bete (em São Paulo conhecida como Taco), mamãe da rua, elefante colorido, esconde-esconde, siga o mestre...Num tempo e numa rua onde até os velhos e saudosos Atari eram raros, nós brincávamos de tudo aquilo que deixou cicatrizes nos cotovelos, joelhos e canelas; e muitas saudades cada vez que olho para elas.
A rua começava lá em baixo, no Centro. Mas a parte que era o meu mundo começava com a esquina do Bar do Nandi. Eu era criança, ainda não era chegada numa cervejinha. O tal bar marcou porque lá era onde as moedinhas se transformavam em doces, balas, chichetes...Também era uma vendinha com balcões, não prateleiras. Nós nos encostávamos no balcão, pedíamos o produto, o Seu Nandi ou a Dona Eva pegavam a mercadoria, pagávamos e íamos embora contando as balas e escolhendo os sabores que íamos deixar pro final. Sempre das menos para as mais saborosas.
Depois a rua ia subindo com “Chapéus de Praia” nas calçadas. Não sei se esse é o nome certo da árvore, uma que dá uns frutinhos verdes que os morcegos adoram. Quando ficavam carregadas, o cheiro exalava rua afora e, à noite, os morcegos faziam a festa. Confesso que morria de medo dos ratinhos voadores, mas eles nunca atacavam ninguém. Em frente à casa dos meus avós e ao lado da minha casa, meu avô colocou um balanço e na árvore ao lado tinha uma tabela de basquete. O aro era de uma bicicleta. Meus primos, os batatinhas, os filhos do pastor da igreja e eu nos acabávamos ali. Também tinha o abacateiro carregado da casa da outra esquina. Quanta vitamina tomei com aqueles abacates!
Lembro-me de uma vez que encostou um carro na oficina do pai dos batatinhas (o Seu Batata) e era de uns caras de outra cidade, que ficaram esperando na calçada pelo conserto. Eles tinham um vilão e , debaixo de uma das árvores, ficaram tocando pra passar o tempo enquanto a criançada cantava. Eu devia ter uns oito anos e acho que minha paixão por uma roda de vilão começou ali. Eles tocaram “felicidade foi-se embora...”, o carro ficou pronto, eles partiram e nós ficamos no meio da rua dando tchau até o carro sumir.
Os domingos lá eram mais ou menos assim: acordava com a banda da igreja tocando. Era bonito, somente instrumental. Ficava espiando do alpendre, esperando pelo Corcel vinho do meu tio que vinha trazendo minhas primas e meu primo. Quando ele encostava em frente a casa da avó, eu descia em disparada: estava começando meu domingo! Depois da macarronada clássica, brincávamos na rua e íamos ao cinema. Os filhos do pastor eram nossos amigos e deviam ser a família mais abastada da rua, pois o pastor pagava os ingressos de todo mundo. Os filmes eram sempre os mesmos (algum dos Trapalhões) no pobre cinema que hoje é igreja Universal (que pena!), mas tinham tudo de especial. Na volta, subíamos a rua todos juntos, umas doze crianças. Aí começava a escurecer, cada uma ia para sua casa. Meus primos e eu entrávamos na casa da vó, fechávamos os pastéis que comíamos enquanto assistíamos aos Trapalhões. A família toda morria de rir!
Não existe mais a casa da vó, nem o Bar do Nandi, nem a oficina do Batata...Ninguém mais da minha família mora lá. São poucos os “chapéus de praia”. Mas toda vez que vou àquela cidade, dou um jeito de passar por lá. Dá uma dor gostosinha de saudade. E fico feliz por ter certeza de que tive uma infância do cacete!!