- "Hoje é domingo, pede cachimbo..." Tudo bem. Mas como assim pé de cachimbo? Sabia que aquele negocinho que às vezes meu avô fumava não nascia em árvore, mas ficava imaginando uma arvorezinha com vários cachimbinhos pendurados. Já era quase adulta quando fiquei sabendo que o tal "pé de cachimbo" era na verdade o verbo pedir.
- "São as águas de março fechando o verão..." Ah, eu era bem pequena e certo dia perguntei à minha mãe o que era "sufechando". Claro que ela não entendeu nada. Então cantei: "São as águas de mar sufechando o verão". Minha mãe caiu na risada!
- E "Alagados" dos Paralamas?! Eu cantava "Alagados 'trental' favela da Maré". Mas eu não encanava porque percebia que cada pessoa mexia a boca de um modo diferente nessa parte da música. Somente na adolescência, analisando a letra numa aula de Geografia, é que entendi o que o Herbert cantava.
Mas minha melhor tirada de infância não teve nada a ver com música. Foi na pré-escola, em 1984. A querida Tia Janete deu-nos uma bronca e explicou que aquele palavrão terrível (CU) na verdade se chamava ânus e discorreu sobre sua importância para o corpo humano. Fiquei encantada com aquela revelação: CU tinha nome e era um nome bonito. Queria contar à minha mãe, mas Deus me livre pronunciar tal palavrão na frente de minha santa mãezinha. Então, comecei assim: "Mãe, não é aquilo que fala". "Aquilo o quê, filha?" "Ah, mãe. AQUILO. Aquele palavrão." "Que palavrão?" "Não é CU, mãe, é MESES"!!!!