segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Das tiradinhas de infância

Eram muitas as palavras nas músicas que eu não entendia, mas as cantava mesmo assim. Pronunciava qualquer coisa e estava tudo certo. Mas ficava incomodada porque, no fundo, quaria achar um significado.
  • "Hoje é domingo, pede cachimbo..." Tudo bem. Mas como assim pé de cachimbo? Sabia que aquele negocinho que às vezes meu avô fumava não nascia em árvore, mas ficava imaginando uma arvorezinha com vários cachimbinhos pendurados. Já era quase adulta quando fiquei sabendo que o tal "pé de cachimbo" era na verdade o verbo pedir.
  • "São as águas de março fechando o verão..." Ah, eu era bem pequena e certo dia perguntei à minha mãe o que era "sufechando". Claro que ela não entendeu nada. Então cantei: "São as águas de mar sufechando o verão". Minha mãe caiu na risada!
  • E "Alagados" dos Paralamas?! Eu cantava "Alagados 'trental' favela da Maré". Mas eu não encanava porque percebia que cada pessoa mexia a boca de um modo diferente nessa parte da música. Somente na adolescência, analisando a letra numa aula de Geografia, é que entendi o que o Herbert cantava.

Mas minha melhor tirada de infância não teve nada a ver com música. Foi na pré-escola, em 1984. A querida Tia Janete deu-nos uma bronca e explicou que aquele palavrão terrível (CU) na verdade se chamava ânus e discorreu sobre sua importância para o corpo humano. Fiquei encantada com aquela revelação: CU tinha nome e era um nome bonito. Queria contar à minha mãe, mas Deus me livre pronunciar tal palavrão na frente de minha santa mãezinha. Então, comecei assim: "Mãe, não é aquilo que fala". "Aquilo o quê, filha?" "Ah, mãe. AQUILO. Aquele palavrão." "Que palavrão?" "Não é CU, mãe, é MESES"!!!!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

O que realmente importa

Escolher uma boa música;
Passar uma tarde preguiçosa lendo um livro delicioso;
Ver um bom filme no cinema ou em casa;
Receber os amigos, ou visitá-los, enfim, estar com eles;
Preparar o jantar e esperar por ele;
Ouví-lo tocar violão e cantar ao seu lado;
Dar e receber cafunés;
Rir e chorar com ele;
Beijá-lo antes de sair da cama, e
me apaixonar perdidamente.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Il mio compleano

Terça-feira fui dormir com 28 e quarta acordei com 29. Olhei no espelho e a única coisa que havia mudado foi meu corte de cabelo, que tosei dia 15.
Nossa, 29 é quase trinta. Logo não serei mais confiável! Interessante porque os anos passaram para mim, mas não os senti muito. Às vezes acontece de alguém perguntar minha idade e, por frações de segundo, eu esquecer a resposta. É como se não fizesse a menor diferença pra mim. Claro que meus hormônios, minha pele e meus órgãos sabem quantos anos têm, mas minha mente e espírito, de certo modo, não olham muito pro calendário.
Quando era adolescente e me imaginava com minha idade atual, me via solteira, morando sozinha, trabalhando em algo interessante, cantando ou tocando numa banda e participando ativamente de algum partido revolucionário.
As coisas aconteceram um pouco diferentes: casei aos 20; virei professora como toda minha família; até hoje só consegui cantar em corais; e fugi dos centros acadêmicos , dos partidos e da luta sindical porque aqueles marxistas axilares de boininha que conheci na faculdade me enojaram.
Mas quer saber? Tirando a parte da banda que nunca tive (até porque não aprendi a tocar), o resto não poderia ter sido melhor!
Me apaixonei cedo, casei e continuo apaixonada; minha profissão tem seus altos e baixos e vivo questionando minha vocação, mas no fundo até gosto; no coral conheci pessoas maravilhosas e até cantei com a Mônica Salmazo; e -felizmente- não virei militante chata com sovaco cabeludo que fica cantando MPB enfiada nos CAs ou nos gabinetes de partidos. Ufa!
E algo me diz que será um ano maravilhoso este meu último na casa dos vinte!

domingo, 13 de janeiro de 2008

Papai, vovó, sobrinha...

A mãe faz umas coisas e vive de um jeito em que eu não me espelho. Fico me perguntando de onde realmente saí, ou como me saí tão diferente. Só que ás vezes tenho alguns modos que explicam tudo...
E o pai, então? Parou no tempo e no espaço. É até difícil mantermos uma conversa, de tão diferentes que são nossos mundos. Mas sua ausência dói e fico feliz quando o telefone toca nas manhãs de domingo.
As mães e irmãs que entraram na minha vida também são diferentes de mim...e dele. Às vezes o vejo nelas, mas só ás vezes. São maravilhosas, meigas, sinceras, generosas...Mas infelizmente ou felizmente também não são minhas iguais.
E o outro pai explica muito sobre o meu Ele ser como é. Mas em muitas outras coisas, meu Ele não se parece em nada com o outro pai.
Família é mesmo um troço complicado! Mas já pensou que chato se fôssemos todos iguais: todos os filhos do mesmo jeito, imagem e semelhança dos pais? Cada família com sua copiadora, distribuindo auto-retratos pelo mundo...Que chato!
Será que os pais esperam se ver nos filhos? Digo, não apenas fisicamente. Será que gostam do que vêem em mim? Será que gostarei do que verei em minhas futuras crias?
Tenho uma teoria: a gente sai de um jeito, mas com um gene que pode ter ou não mais aptidão a sofrer mutações ao entrar em contato com o mundo fora da célula. Acho que tenho esse gene bastante mutável...
E mesmo com todas as transformações que cada um passa em cada família, de um modo geral são todas muito, muito parecidas.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Across the Universe

Fazia tempo que queria assistir, desde a estréia no começo de dezembro. Finalmente deu certo! O primeiro cineminha de 2008 e será muito difícil esquecer o filme. A crítica disse maravilhas, teve matéria de página inteira no Caderno 2 e outras coisas. Mas, como vejo cinema apenas como espectadora, queria mesmo era conferir a trilha sonora já que nesse caso não seria apenas uma espectadora, mas também uma fã fervorosa.
Foi muito mais do que imaginava. Comecei a chorar na Let It Be e não parei mais. Até Mr. Kite fez as lágrimas descerem. E os jovens soldados carregando a estátua da Liberdade ao som de She's So Heavy? E os protagonistas cantando pra Dear Prudence? E os morangos da Strawbery Fields sangrando como corações? Ah, e tantos outros detalhes cheios de sensibilidade e poesia como transbordava o fab four.
Pena as músicas não serem as originais, mas não foram mutiladas ou sacrificadas. Pelo contrário, tiveram o cuidado de realçar sua força. Inacreditável como aqueles então garotos tinham o talento para escreverem tão bem. Eles tinham algo mais, e não era ácido lisérgico apenas.
Mas o filme vai além das músicas. Dá pra trazê-lo à atualidade e refletir sobre o excesso ou ausência de causas pelas quais lutar. Ou sobre o excesso e ao mesmo tempo escassez de meios para fazê-lo. Todo mundo fica meio perdido, querendo fazer alguma coisa pra melhorar o mundo e não sabe como. You Say You Want Revolution, mas ao mesmo tempo Nothing is Gonna Change My World, e Everything is Gonna Be All Right.
E quando as luzes se acenderam eu não era a única com nariz e olhos vermelhos a ficar ali anestesiada.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Primeiro post do ano

Ah, estou de volta ao blog! Não, não estava viajando. Já retornei há quase uma semana, mas fui acometida por uma preguiça súbita que impossibilitou uma aproximação com o computador e com as idéias.
Fiz o inevitável balanço de 2007 e me apavorei: pouquíssimos foram os projetos realizados. Por isso em 2008 desejo poucas coisas, assim a frustração será menor! Desejo apenas viver, sorrir e rir (gargalhar, na verdade) ao lado dos amigos e também sozinha quando der vontade. Desejo apenas chegar em dezembro bem mais feliz do que estive em dezembro de 2007. Quero encerrar 2008 podendo dizer que foi um ano bem melhor que o anterior. Só isso!