terça-feira, 21 de julho de 2009

Paciência

Alguém errou e suspendeu a vida de outras pessoas. Sonhos e projetos congelados, à espera. E a paciência presa por um fio. E esse fio é a vontade que tudo dê certo.

Vida sem viver

Estamos sempre nos matando aos pouquinhos. Não porque envelhecemos, mas porque podamos o que nos faz vivos.
Uma planta brota, cresce, floresce. E a flor se abre, perfuma, atrai insetos, colore e enche o campo de beleza. Ela vive. Intensamente e plenamente.
Uma borboleta pode viver apenas sete dias. Uma existência efêmera e completa. Ela não perde tempo. Ela vive.
Pessoas podem atravessar uma existência de 100 anos sem que tenham vivido verdadeiramente um único dia.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Vinte anos depois

Nos anos 80, embora ainda fosse criança, lembro-me dos adultos de 30 ou 40 anos dizerem que as polainas e roupas coloridas, sintetizadores e afins eram muito legais e tal, mas não eram nem de longe algo tão bom, revolucionário e inovador como aquilo que havia sido feito vinte anos antes. O velho Raul até cantava que os anos 80 eram uma charrete sem condutor.
O fato é que os jovens daquela década em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, estavam experimentando uma tal liberdade recém-conquistada pelos seus pais e por eles próprios. Então tinha mesmo uma alegria no ar. As coisas não precisavam mais ser carrancudas e panfletárias nem paz e amor demais, afinal a geração hippie estava morrendo de Aids.
Hoje, vemos festas temáticas dos anos 80. Mensagens nostálgicas pela internet, feiras de brinquedos e discos, vídeo-games, enfim, uma infinidade de coisas que nos levam de volta à década das polainas e do gel New Wave. Alguns podem dizer que isso acontece porque o que se tem hoje em termos de inovação artística é péssimo, então temos que voltar ao passado. Outros dizem que aquele foi um período bom demais e somente hoje temos maturidade para entender o que realmente aconteceu lá, então estamos back to the 80’s. E tem ainda aqueles que dizem que isso é normal, que é um lance cíclico e estamos sempre buscando referências e cultuando duas décadas anteriores.

Aí eu fiquei pensando no que irão dizer daqui vinte anos sobre a música popular atual. Bem, se o funk carioca (que não é só carioca, não quero ser injusta com o povo do Rio) e o que chamam de Black voltarem às paradas em 2029 e disserem que a música da época é péssima e que, portanto, precisam recorrer ao passado, gostaria de estar surda daqui a vinte anos. Ou, sabe-se lá o que será considerado péssimo em 2029! Se o funk for bom, talvez o ruim seja ótimo! Se disserem que a primeira década no século XXI voltou à tona porque as pessoas não estavam prontas para entende-la em 2009, então obrigada Deus por eu ser assim burrinha e ter neofobia. E, na pior das hipóteses, se isso for mesmo um movimento natural, eu farei de tudo para romper com essa ordem da história. Ou também posso ir para outro planeta.

Mas, tudo isso foi para dizer que a grande massa dos filhos daqueles que não precisaram lutar por liberdade não é livre coisa nenhuma. Não sabe nada e bate palma.