sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Pessoas especiais

Não gosto muito de escrever sobre meu trabalho, mas ontem vivi uma situação tão bacana que achei melhor contar aqui.
Geralmente reflito bastante sobre o papel de educador, que muitas vezes por mais que tentamos não conseguimos mudar a realidade do indivíduo. E somente a vida mesmo pra fazê-los crescer, amadurecer, ou marginalizá-los para sempre. No fim das contas, essas reflexões levam às mesmas perguntas: "será que vai adiantar alguma coisa reter o aluno?" ou "será que aprovar esse aluno não é condená-lo a não acompanhar nada no próximo ano?" ou ainda: "se for aprovado, será que não estamos dando a ele uma noção de oportunidade que na vida real não existe?" Enfim, desde Aristóteles a humanidade sabe que educar é algo muito complicado e inerente à frustração.
Bom, mas comecei o post pra contar algo interessante e chega de devorteios. Ontem foi a colação de grau dos alunos do nono ano ou oitava série de uma das escolas em que trabalho. Entre todos os alunos que me levam às dúvias cidatas no parágrafo anterior, havia dois especiais. Especiais não apenas por serem portadores de necessidades especiais, mas por terem comovido a todos com sua demosntração de persistência. Mostraram que são apenas diferentes e tiveram que trilhar caminhos mais longos e tortuosos para atingirem o objetivo. E ali estavam com todos os outros que chegaram tão facilmente ao mesmo ponto. Somente os dois sabiam o sabor daquela conquista. Não sei onde poderão chegar daqui pra frente, já que a sociedade não sabe ainda viver com as diferenças. Mas não cabiam em si de felicidade. E a escola não os aprovou para que ficassem felizes. Não, eles realmente concluíram o Ensino Fundamental. Aprenderam. Foram ótimos alunos. Aquele momento foi desses dois alunos e valeu meu trabalho do ano inteiro!

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